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Dimensionamento do tanque séptico (fossa) para tratamento dos efluentes no projeto sanitário

O tanque séptico, comumente chamado de fossa séptica, corresponde a uma unidade cilíndrica ou prismática retangular de fluxo horizontal, conforme consta na NBR 17076:2024 , e diz respeito à uma alternativa ao tratamento descentralizado de esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão.  No vídeo abaixo, você pode conferir alguns aspectos gerais sobre o seu funcionamento e ao longo do artigo, como seu dimensionamento é realizado. 
Na plataforma AltoQi Builder, o lançamento e dimensionamento de tanques sépticos se inicia com a inclusão destes elementos como unidades de tratamento . A figura a seguir ilustra o detalhamento de um tanque séptico em formato cilíndrico e outro em formato prismático de câmara única.

Dimensionamento do tanque séptico

A plataforma AltoQi Builder realiza o dimensionamento do tanque séptico com o cálculo do volume útil estimado, que é dependente do volume diário da contribuição de despejos e lodo fresco, bem como do tempo de detenção do afluente e do tempo de acumulação do lodo.

Volume útil estimado do tanque séptico

O volume útil estimado, ou volume total necessário ao tanque séptico, é calculado a partir da equação abaixo:
Em que,
  1. Ve : volume útil estimado do tanque séptico, em m³;
  2. N : número de pessoas/unidades de contribuição;
  3. C : contribuição de esgoto, em Litro/pessoa.dia ou em Litro/unidade.dia;
  4. T : período de detenção do esgoto, em dias;
  5. K : taxa de acumulação de logo digerido, ou tempo de acumulação de lodo fresco, em dias;
  6. Lf : contribuição de lodo fresco, em Litro/pessoa.dia ou em Litro/unidade.dia;
  7. 1/1000 : conversão de unidade Litro para m³.

Número de pessoas ou unidades de contribuição

Corresponde ao número de pessoas a serem atendidas pelo tanque séptico ou, quando não conhecido este valor, número de unidades de contribuição. Para que este número seja considerado, cabe definir as Habitações associadas ao tanque séptico, procedimento detalhado no artigo Como definir a habitação do tanque séptico e a vazão nas demais unidades de tratamento?.

Contribuição de esgoto

Corresponde ao somatório das vazões de despejos, e é dependente da natureza dos ocupantes e do tipo de habitação. Como referência, utiliza-se a Tabela 1 da NBR 17076:2024, adaptada abaixo.

 

 

Tabela 1 – Contribuição diária de efluente (q) por unidade

Tipo de contribuição Unidade Contribuição de efluente (q) (L/unidade/dia) Lodo fresco (L)
(L/unidade/dia)
1. Ocupantes permanentes      
residência padrão alto Pessoa 160 1
residência padrão médio Pessoa 130 1
residência padrão baixo Pessoa 100 1
hotel (exceto banheiro, lavanderia e cozinha) Pessoa 100 1
hotel com cozinha e lavanderia, exceto banheiro Pessoa 240 1
hotel com cozinha, lavanderia e banheiro Pessoa 360 1
alojamento provisório Pessoa 80 1
orfanato - asilo Pessoa 120 1
escola (internato) Pessoa 150 1
presídio Pessoa 240 1
quartel Pessoa 120 1
área rural Pessoa 100 1
2. Ocupantes temporários      
fábrica em geral Pessoa 70 0,30
escritório Pessoa 50 0,20
edifício público ou comercial Pessoa 50 0,20
escola de meio período Pessoa 50 0,20
escola de período integral Pessoa 100 0,30
creche Pessoa 50 0,20
bar Pessoa 6 0,10
restaurante e similares Refeição 25 0,10
cinema, teatro, templo, igreja e locais de curta permanência Lugar 2 0,02
ambulatório Pessoa 25 0,20
estação ferroviária, rodoviária e metroviária Passageiro 25 0,20
sanitário público Bacia 480 4
 
 
Observação: Para que a contribuição de esgoto seja considerada, cabe definir as colunas Ocupação e Tipo junto ao campo Habitações das propriedades do tanque séptico. Esse procedimento está indicado no artigo Como definir a habitação do tanque séptico e a vazão nas demais unidades de tratamento?.

Período de detenção do esgoto

O tempo mínimo ideal para detenção dos despejos no tanque séptico é dependente da contribuição diária de despejos. Como referência, utiliza-se a Tabela 2 da NBR 7229/1993, adaptada abaixo.

Contribuição diária
de esgoto [L/dia]
Tempo de detenção
do afluente (dias)
Tempo de detenção
do afluente (horas)
Até 1500 1,00 24
De 1501 a 3000 0,92 22
De 3001 a 4500 0,83 20
De 4501 a 6000 0,75 18
De 6001 a 7500 0,67 16
De 7501 a 9000 0,58 14
Mais que 9000 0,50 12


A plataforma AltoQi Builder admite automaticamente o tempo de detenção do afluente a partir da faixa correspondente ao resultado obtido para a contribuição diária de esgoto.

Taxa de acumulação total de lodo

A taxa de acumulação total de lodo é dependente do intervalo entre limpezas do tanque séptico e da temperatura do mês mais frio. Como referência, utiliza-se a Tabela 3 da NBR 7229/1993, adaptada abaixo.
 
Taxa de acumulação total de lodo (K) por faixa de temperatura ambiente (t), em °C
Intervalo entre limpezas [anos] t ≤ 10 (dias/intervalo) 10 ≤ t ≤ 20 (dias/intervalo) t > 20 (dias/intervalo)
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
 
Para considerar a taxa de acumulação total de lodo, cabe definir a Temperatura do mês mais frio (ºC) nas Propriedades da edificação e o Intervalo entre limpezas nas Propriedades do tanque séptico .

Contribuição de lodo fresco

Corresponde ao somatório das vazões de lodo fresco e é dependente, assim como a contribuição de esgoto, da natureza dos ocupantes e do tipo de habitação. Como referência, utiliza-se a Tabela 1 da NBR 7229/1993, adaptada abaixo.
 
Contribuição diária de lodo fresco (Lf) [L/unidade × dia]
Tipo de prédio Contribuição diária de lodo fresco (Lf) Unidade
Ocupantes permanentes    
Residência padrão alto 1 pessoa
Residência padrão médio 1 pessoa
Residência padrão baixo 1 pessoa
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) 1 pessoa
Alojamento provisório 1 pessoa
Ocupantes temporários    
Fábrica em geral 0,30 pessoa
Escritório 0,20 pessoa
Edifícios públicos ou comerciais 0,20 pessoa
Escolas (externatos) e locais de longa permanência 0,20 pessoa
Bares 0,10 pessoa
Restaurantes e similares 0,10 refeição
Cinemas, teatros e locais de curta permanência 0,02 lugar
Sanitários públicos* 4,00 bacia sanitária
*Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estágio esportivo, etc.).
 
A contribuição de lodo fresco será considerada a partir das informações definidas nas colunas Ocupação e Tipo junto ao campo Habitações das propriedades do tanque séptico. Esse procedimento está indicado em Como definir a habitação do tanque séptico e a vazão nas demais unidades de tratamento?.

Volume do tanque séptico

Em seguida, o resultado para o volume útil estimado é utilizado pelo programa como referência para designação das dimensões efetivas do tanque séptico, que pode ter formato cilíndrico ou prismático e contemplar câmara única ou câmara múltipla , com o intuito de melhorar seu desempenho quanto à qualidade dos efluentes.
O cálculo do volume efetivo do tanque séptico leva em consideração dimensões como Diâmetro (cm) , Comprimento (cm) e Largura (cm) e Profundidade útil (cm) dependendo se a seção é circular ou prismática de base retangular. De um modo geral, a equação é a seguinte:
Em que,
  1. V : volume do tanque séptico, em m³;
  2. Ab : área da base do tanque séptico, que depende do formato da seção considerada, em cm²;
  3. Hu : profundidade útil, correspondente à distância entre o fundo do tanque e o nível máximo correspondente à contribuição de despejos, em cm;
  4. 1/106 : conversão de unidade cm³ para m³.

Seção circular

Área da base
Tanques sépticos contemplados por base circular têm área da base calculada a partir da equação abaixo:
Em que,
  1. D : diâmetro interno definido para o tanque séptico cilíndrico.
Observação: Segundo o tópico 5.9 da NBR 7229/1993, o diâmetro interno mínimo do tanque séptico cilíndrico é de 110 cm.

Seção prismática

Área da base
Tanques sépticos contemplados por base prismática têm área da base calculada a partir da equação abaixo:
Em que,
  1. C : comprimento interno do tanque séptico prismático, em cm;
  2. L : largura interna do tanque séptico prismático, em cm.
 
Largura
A largura pode ser definida com a seguinte equação:
Em que,
  1. Ab : área da base do tanque séptico de seção prismática, em cm²;
  2. X : proporção da base, (X:1).
Observação: Segundo o tópico 5.9 da NBR 7229/1993, a largura interna mínima é de 80 cm, a relação comprimento/largura mínima para tanques prismáticos retangulares é de 2:1 e a máxima é de 4:1.
 
Comprimento
O comprimento pode ser definido com a seguinte equação, admitindo a largura já conhecida:
Em que,
  1. Ab : área da base do tanque séptico de seção prismática, em cm²;
  2. L : largura interna do tanque séptico prismático, em cm.

Profundidade útil

A Tabela 4 da NBR 7229/1993 expõe valores mínimos e máximos para a profundidade útil em função do volume útil estimado para o tanque séptico, conforme consta abaixo.
 
Profundidade útil recomendada conforme o volume útil estimado
Volume útil estimado [m³] Profundidade útil mínima [m] Profundidade útil máxima [m]
Até 6,0 1,20 2,20
De 6,0 a 10,0 1,50 2,50
Mais que 10,0 1,80 2,80
 
Por padrão, o programa preenche automaticamente o campo Profundidade útil de acordo com o mínimo necessário para atendimento à área da base do respectivo formato da seção estabelecido para o tanque séptico.

Recomendações adicionais

É essencial observar as demais condições e recomendações prescritas na NBR 7229/1993 para a escolha do local de instalação do tanque séptico, seja sobre as distâncias horizontais mínimas, necessidade de uso de câmara múltipla e etc.
 
Com este material, é possível compreender o dimensionamento do tanque séptico para tratamento individualizado dos efluentes em seu projeto sanitário. Para gerar o relatório do dimensionamento, recomendamos a leitura do artigo Como gerar o relatório de dimensionamento de uma unidade de tratamento?.