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Orçamento de obras - Critérios de medição e pagamento

Gerar o orçamento de uma obra vai muito além de levantamento de quantitativos e cotação de preços. Enganasse quem pensa que um bom orçamento está atrelados apenas a estas duas variáveis. Portanto, é de grande importância que conheçamos os fatores que envolvem esta disciplina, de modo que possamos considerar as diversas variáveis que envolvem este procedimento, evitando ao máximo surpresas indesejadas. Para isso, preparamos uma série de artigos abordando alguns conceitos importantes que devemos conhecer e considerar no processo de orçamentação de uma obra.

  • Orçamento de obras - Paramétrico e Analítico
  • Orçamento de obras - Custos diretos e indiretos
  • Orçamento de obras - BDI (Benefícios e Despesas Indiretas)
  • Orçamento de obras - Critérios de medição (este artigo)
  • Orçamento de obras - Análise da curva ABC
  • Orçamento de obras - Levantamento quantitativo 

Como citado no paragrafo acima, uma medição precisa dos serviços e materiais é fundamental para o processo de orçamentação. Contudo, uma boa quantificação por si só pode não ser suficiente para gerar um bom orçamento, isto porque é preciso atentar-se para algumas variáveis importantes no momento da associação das composições a estes quantitativos.

Já vimos no primeiro artigo desta série que uma composição é o agrupamento dos insumos necessários para formar o custo unitário de um determinado serviço. Porém, estas composições podem sofrer alterações no seu valor em virtude das diferentes tecnologias de execução, materiais e equipamentos utilizados para um mesmo produto final, isto é, para construir uma parede de vedação, por exemplo, podemos utilizar diversos tipos de materiais e equipamentos que irão gerar composições com valores diferentes.

Outro fator importante e que costuma gerar muita discussão quando não definidos previamente, são os critérios de medição e pagamento de um determinado serviço. Isto porque a forma de medição para o pagamento de um dado serviço pode conter critérios específicos, critérios estes que não são universais. Portanto, durante o processo de orçamentação é de extrema importância as partes envolvidas definam e conheçam quais os critérios de medição vigentes para aquela obra.  Vamos a um exemplo.

Para a parede ilustrada abaixo. Você saberia informar qual a área será contabilizada para o pagamento do serviço executado?

  • Será considerada a área liquida da parede? (descontando os vãos) = 8,12m²
  • Será considerada a área bruta da parede? (sem descontar os vãos) = 12m²

A resposta correta para este caso é aquela que atende os critérios de quantificação estabelecidos, que podem ser definidos entre as partes ou pelo sistema de custo utilizado. Caso esta parede pertença a um empreendimento do programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo, será regida pelos critérios de medição do SINAPI, que diz em seu caderno técnico de composições para alvenaria de vedação o seguinte:

  • Critérios para quantificação dos serviços - Utilizar a área liquida das paredes de alvenaria de vedação, incluindo a primeira fiada. Todos os vãos (portas e janelas) deverão ser descontados.

Este mesmo documento cita ainda que foram considerados para a execução deste serviço, duas faixas de área liquidas de paredes (Área liquida< que 6m² e Área liquida >= a 6m²), bem como a existência ou não de vãos gerando, portanto, as seguintes condições.

  • Paredes com área liquida< que 6m² com vãos;
  • Paredes com área liquida >= a 6m² com vãos;
  • Paredes com área liquida< que 6m² sem vãos;
  • Paredes com área liquida >= a 6m² sem vãos.

Portanto, baseado nestas informações, para o exemplo acima, caso seja adotada a tabela de referencial de custo do SINAPI, precisamos vincular o quantitativo a uma composição de custo unitário para uma alvenaria de vedação com área liquida superior a 6m² com vãos.

Perceba que não é necessário alterar a medição do serviço, mas sim vincular uma composição que contemple este cenário. Para mais detalhes a respeito destes conceitos deixo em anexo o caderno técnico para alvenaria de vedação do SINAPI. 

Este é apenas um exemplo das diversas possibilidades que podem ocorrer em relação aos critérios de medição em um orçamento de obra. Sendo assim, é importante que tenhamos conhecimentos dos critérios adotados para a obra orçada, e manter o alinhamento destas informações entre as partes envolvidas. 

Considerações

Com tudo isso, ficou claro a importância de conhecer a fundo os critérios adotados nas composições, de modo a garantir que a composição escolhida contemple a realidade dos serviços.

Estudar os cadernos técnicos das composições e entender os parâmetros utilizados para formular o valor destas, pode fazer toda a diferença na hora de escolher a composição que mais se adéque a cada serviço, e consequentemente gerar orçamentos assertivos.

Também devemos estar atentos ao que dizem os editais e relação a medição e pagamento dos serviços contratados, de modo que não sejamos pegos de surpresa por critérios especificados nestes documentos.

Download:

SINAPI_CT_LOTE1_ALVENARIA_DE_VEDACAO_v008.pdf