A verificação de resistência ao fogo é uma exigência normativa aplicável, principalmente, a estruturas de médio e grande porte. De acordo com a ABNT NBR 14432:2001, estão dispensadas da exigência de verificação de resistência ao fogo as edificações que atendam simultaneamente aos seguintes critérios:
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Área total construída de até 750 m²;
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Máximo de dois pavimentos e área total inferior a 1.500 m²;
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Carga de incêndio específica inferior a 1.000 MJ/m².
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Observação: Para demais casos, o atendimento às normas técnicas é essencial para garantir a segurança da edificação em situações de incêndio. Recomenda-se a leitura das normas ABNT NBR 14432:2001 e ABNT NBR 15200:2012 para interpretação completa dos critérios e exceções aplicáveis.
Assuntos tratados neste artigo
- Configuração da verificação de incêndio no Eberick
- Análise dos resultados na janela de verificação de incêndio
- Critérios de verificação por tipo de elemento
- Relatórios da verificação de incêndio
Configuração da verificação de incêndio no Eberick
No Eberick, a verificação dos elementos estruturais em situação de incêndio segue as diretrizes das normas ABNT NBR 15200:2012 e ABNT NBR 14432:2001, aplicando:
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O método tabular para vigas e lajes;
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O método analítico para pilares.
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Essa verificação deve ser realizada após o dimensionamento dos elementos, pois depende, entre outros fatores, dos valores de armaduras calculadas.
Para acessar os parâmetros de projeto, vá até: Guia Estrutura > Configurações > Projeto > Incêndio. Nesta janela, é possível:
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Definir os revestimentos aplicados aos elementos;
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Estimar o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF), conforme Anexo A da NBR 14432:2001
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Definição do Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF):
O TRRF pode ser definido de duas formas:
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Automática: O programa estima o TRRF com base no tipo de ocupação e dados da estrutura. Basta habilitar a opção "Definir TRRF automaticamente".
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Manual: Caso o projetista deseje, pode desabilitar a definição automática e informar um valor personalizado de TRRF para cada tipo de elemento.
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Uso do método do tempo equivalente:
O programa permite a utilização do método do tempo equivalente para reduzir o TRRF. No entanto, esse método exige:
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Compartimentação entre pavimentos (depende do projeto arquitetônico);
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Sistemas de proteção ativa (ex: chuveiros automáticos);
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Integração com os projetos preventivo e hidráulico.
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Recomenda-se cautela no uso dessa abordagem, respeitando os requisitos complementares e a responsabilidade técnica envolvida.
Consideração de revestimentos:
A norma ABNT NBR 15200:2012 permite considerar o efeito dos revestimentos (reboco, gesso etc.) na proteção térmica dos elementos, o que pode viabilizar seções mais esbeltas.
No Eberick, você pode configurar:
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A espessura do revestimento;
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A eficiência térmica, considerando 100% como equivalente ao concreto.
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Importante: Essas configurações são usadas exclusivamente para a verificação de incêndio, não impactando peso próprio, análises ao ELU/ELS ou detalhamento dos elementos.
Configuração das ações para situação de incêndio:
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Guia Estrutura > Configurações > Projeto > Ações
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É possível também aplicar a redução do fator de combinação das ações variáveis, conforme item 8.1 da NBR 15200:2012. Para isso:
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Acesse a guia Combinações;
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Habilite a opção "Considerar redução de ψ2 para incêndio".
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Essa redução considera um fator de 0,7, aplicável quando a ação principal for o fogo.

Observação: As combinações de incêndio são aplicadas somente para verificação de incêndio, sem interferir no dimensionamento.
Análise dos resultados na janela de verificação de incêndio


Ao selecionar um tipo de elemento, o programa exibe uma tabela com as propriedades relevantes para a verificação de incêndio. Nessa tabela, é possível comparar os valores utilizados no cálculo, exibidos na coluna “Atual”, com os valores exigidos pela norma, na coluna “Necessário”. Esses dados auxiliam na análise das exigências de TRRF e na compreensão das medidas que podem ser adotadas para adequação do projeto.
Os avisos e erros encontrados na verificação de incêndio são listados na área de informações da própria janela e também podem ser consultados nos relatórios de cálculo. Vale destacar que essas mensagens não são exibidas nas pranchas de detalhamento, mesmo que existam inconsistências na verificação. Por isso, sempre que a estrutura exigir avaliação em situação de incêndio, é fundamental revisar os resultados diretamente nessa janela.
Critérios de verificação por tipo de elemento
- Para as vigas, o programa normalmente verifica os valores de c1 (cobrimento da armadura longitudinal inferior) e c1L (comprimento da armadura à face lateral), com base nas tabelas da NBR 15200:2012. Mesmo que uma viga tenha sido considerada contínua no dimensionamento em temperatura ambiente, a redistribuição de momentos pode ultrapassar os limites normativos e, com isso, a viga passa a ser tratada como biapoiada na verificação de incêndio, o que impõe critérios mais rigorosos. Esse comportamento é controlado pela configuração: Guia Estrutura > Configurações > Projeto > Incêndio > botão Avançado.
Observação: No Eberick, o valor de c1 necessário utilizado na verificação de vigas em situação de incêndio pode não ser exclusivamente o valor obtido por interpolação direta das tabelas da NBR 15200:2012. O programa utiliza uma redução normativa, quando aplicável, prevista no item 8.2 da norma, que considera fatores como a relação entre os momentos de cálculo em situação de incêndio e em temperatura ambiente, além da armadura efetiva disponível.
- Para as escadas e reservatórios, embora não estejam explicitamente citados na NBR 15200:2012, o Eberick aplica os mesmos critérios utilizados para lajes, considerando uma abordagem qualitativa. A depender do tipo de escada, como as enclausuradas, é possível inclusive avaliar a dispensa da verificação de incêndio, conforme a interpretação técnica do engenheiro responsável.
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Em relação aos pilares, a verificação de resistência ao fogo segue o disposto no item 8.3 da ABNT NBR 15200:2012, que estabelece que o Tempo de Resistência ao Fogo (TRF) deve ser igual ou superior ao Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF). Quando isso não ocorre, é necessário adotar medidas para aumentar a capacidade resistente do elemento, como o aumento da armadura efetiva ou da seção transversal do pilar, entre outras possíveis soluções.
O Eberick utiliza o método analítico, previsto na própria norma, para calcular o TRF dos pilares. A verificação apresenta erro apenas nos casos em que o TRF calculado for inferior ao TRRF definido no projeto.
No entanto, a fórmula empregada na avaliação do TRF possui limitações específicas, como:
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Comprimento equivalente máximo de 600 cm;
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Excentricidade de primeira ordem inferior a 0,15·b, sendo b a menor dimensão da seção transversal;
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Valor mínimo de b′ (dimensão menor corrigida), que deve ser superior a 19 cm, entre outras condições.
Assim, mesmo que o pilar atenda ao critério principal (TRF ≥ TRRF), podem existir restrições geométricas que invalidem o uso direto da fórmula. Nesses casos, o Eberick não apresenta erro, mas emite um aviso indicando que a formulação pode não ser adequada, cabendo ao engenheiro responsável avaliar a pertinência da aplicação do método para o caso específico.
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Relatórios da verificação de incêndio
Após concluir a verificação de todos os elementos, o Eberick permite gerar relatórios específicos para a situação de incêndio. Esses documentos reúnem:
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Os parâmetros utilizados em cada verificação;
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Os limites exigidos pelas normas;
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Os resultados obtidos para cada elemento estrutural.
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Essas informações possibilitam ao engenheiro identificar de forma rápida quais elementos atenderam aos critérios de segurança e quais exigem ajustes no projeto. A geração dos relatórios é feita diretamente na janela Verificação em situação de incêndio, por meio do botão Relatórios (), e também está disponível nos documentos gerais do projeto, como o Memorial de Cálculo e os Critérios de Projeto.